Acho que tudo começou mais ou menos por volta de 1987 a 1988 em uma chácara próxima à cidade de Brasília. Eu, minha irmã Juliana e meus primos passávamos quase todos finais se semana e férias do meio ou fim de ano na chácara de nossos avós maternos. Acontece que as crianças, sempre vorazes por doces e outras delícias, pressionavam alguma boa mulher adulta que estivesse na cozinha a nos preparar algumas destas deliciosas pipocas.
Das pipocas de sal logo passamos a exigir algo diferente e a pipoca doce se tornou uma boa opção de sobremesa. A receita era simples pois ao invés de colocar sal, derretia-se o açúcar em outra panela e que era jogado por cima da pipoca sempre movimentando-as a fim de evitar a formação de uma grande pedra doce. O resultado nem sempre era o esperado e por vezes muitas pipocas ficavam sem gosto enquanto outras desapareciam em meio a tanto açúcar endurecido.
Como a invasão à cozinha era diária nem sempre havia algum adulto por perto e como já havíamos acompanhando muitas vezes o preparo, passamos a nos arriscar por conta própria. Depois de tentativas e erros, aproveitando o sono dos mais velhos para realizar seu feito de estourar as deliciosas pipocas, nossa experiência já se tornava uma rotina.
Em meio a tantas crianças e sem um líder para controlar acho que uma vez usamos por volta de umas três xícaras de açúcar para nossa calda maravilhosa. Após derreter e lançar a calda quente e perigosa sobre as coitadas das pipocas nos demos conta de que já estava mais que suficiente o nosso doce tempero e mesmo assim ainda sobrava muita calda na panela.
Sabíamos pela experiência que não seria bom deixar o açúcar secar na panela, pois denunciaria nossa liberdade conquista, então decidimos jogar a calda na pia. A pia por sua vez foi objeto de um novo experimento. Dentro desta havia um copo cheio de água e ao jogar um fio de calda derretida dentro do copo acompanhamos o rápido endurecimento da calda se tornando grossa ao ponto de ser possível chupa-la como pirulito.
Claro que alguém pegou um garfo, colocou ele dentro do copo e sobre este foi se derramando lentamente a calda açucarada e com um movimento de 360 graus do garfo foi-se formando aquilo seria nosso pirulito caseiro e um ótimo começo.
As aventuras na chácara nos deram uma boa base natural. Era possível pescas e fritar lambaris, na época da chuva colher, descascar e assar espigas de milho, além de provas diversas frutas como banana, manga, maracujá, mamãe e várias outras. No canteiro da horta também era possível escolher tomate ou uma cenoura já encorpada lavar e comer ali mesmo. Difícil nesta época era comer qualquer outra verdura não relatada aqui.